O Instituto Oyá, fundado em 1998 dentro do terreiro Ilê Axé Oyá, em Pirajá, surgiu a partir do desejo da ialorixá Anísia da Rocha Pitta e Silva em contribuir para o desenvolvimento humano, intelectual e artístico de crianças e jovens do citado bairro que se encontravam em situação de vulnerabilidade. Muitas dessas crianças e jovens, no período oposto ao seu turno escolar, ficavam ociosas e não dispunham de condições de desenvolver atividades sócio-educativas ou artísticas que contribuissem para o pleno desenvolvimento. Além disso, tornavam-se vulneráveis ao tráfico de drogas da região pelo qual eram facilmente cooptadas ante a inexistência de atividades destinadas a esse público ou mesmo ante a ausência de expectativas.
Visando contribuir para a modificação dessa realidade o Oyá desenvolveu programas de auxílio educacional focados, principalmente, na Arte-Educação. Foram implantadas atividades como aulas de dança, percussão, violão, extensão acadêmica, canto e informática. Uma das expectativas do Instituto é ampliar esse quadro de atividades para tornar ainda mais completa a formação desses meninos e meninas.
Há quase 13 anos o Instituto Oyá vem se esforçando para conseguir financiadores com o objetivo de manter e aprimorar as atividades já desenvolvidas, e para realizar as melhorias estruturais necessárias para a continuidade dos trabalhos. É possível, por exemplo, ver obras estruturais que foram iniciadas, mas que só serão finalizadas quando houver apoio financeiro por parte de entidades ou organizações que financiem este tipo de iniciativa. Desde a sua fundação o maior limitador das atividades desenvolvidas no Oyá é a falta de recursos financeiros. Sem esses recursos o Instituto não dispõe de meios para investir no aprimoramento dos profissionais da casa, em contratação de novos profissionais com vistas ao atendimento de um maior número de crianças, ou em aquisição de novos bens para as atividades desenvolvidas como instrumentos musicais, esquipamentos eletrônicos, entre outros. Outra situação que merece destaque e que também é acarretada pela falta de recursos financeiros é a evasão de jovens entre 16 e 18 anos que precisam trabalhar. Com o incentivo através de bolsas de estudos esses jovens poderiam continuar aprimorando as habilidades que desenvolvem com as ações do Oyá, retardando o ingresso no mercado de trabalho, o que quase sempre ocorre sob uma perspectiva de precarização.
Apesar das dificuldades, para além dos problemas, existe um dado importante sobre a realidade do Oyá e que merece atenção: são os projetos Cia de Dança Balé da Mata e Cortejo Afro, que nasceram no âmbito do terreiro Ilê Axé Oyá e ganharam notoriedade e reconhecimento nacional e internacional. Ambos, embora sejam hoje independentes, continuam vinculados ao bairro de Pirajá, e, continuamente, proporcionam oportunidades de trabalho para os jovens do instituto que passaram pelas ações do Oyá.
Foi devido a visibilidade conseguida por esses projetos que alguns jovens da comunidade tiveram a oportunidade de realizar intercâmbios, com a finalidade educacional, e conhecer outros países, numa perspectiva de enriquecimento, diálogo e diversificação culturalmente.O Oyá possui potencial para se tornar referência no segmento em que atua. Hoje o Instituto já apresenta bons resultados, mas reconhece que pode torná-los ainda melhores.
